Num fim-de-semana que fica invariavelmente marcado pelo escândalo de um jogo de futebol no Estádio do Jamor entre as equipas do Belenenses SAD e o Sport Lisboa e Benfica, a cidade de Espinho, as pessoas e equipas associadas do Futebol Popular escreveram mais uma página na sua bela história, são quase 38 anos ao serviço do desporto que movimenta paixões. O futebol popular (como se chama) parece – assim – redutor, mas é a base de tudo. É o lugar onde se criam valores e princípios.
Numa tarde cinzenta e com chuva à mistura, Tiago Paiva e a sua equipa inauguraram na antiga escola primária da Rua do Monte na freguesia de Paramos a sua mais recente casa / sede. Depois de estadias em juntas de freguesia e clubes locais, encontraram naquele lugar em ruínas, algumas vezes apelidado de “presente envenenado” pelos presentes, o espaço ideal, colocando como necessário as condições para um consultório médico (onde fruto de uma parceria, vai estar um médico duas vezes por semana a partir de Janeiro para consultas gratuitas a atletas e colectividades associadas) e um auditório aberto à comunidade onde se realizarão (em excelentes condições) reuniões, audições, e outros eventos.
Fruto da sua pro-actividade e resiliência, Tiago Paiva – e a sua equipa – foram ao encontro de apoios para a concretização de um sonho antigo, uma sede de raiz para poderem desenvolver / idealizar as épocas desportivas com serenidade e segurança, e tal só foi possível com pessoas e empresas do concelho, o que tornará a história e o futuro ainda mais simbólico. A título de curiosidade – e que de resto fora salientado no seu discurso no passado domingo – a AFPCE conta com mais de mil e duzentos atletas, distribuídos pelas freguesias de Espinho, Silvalde, Anta & Guetim e Paramos.
A cerimónia que teve a duração aproximada de duas horas foi pautada por intervenções da engenheira que idealizou a obra, dos presidentes de junta presentes (Vasco Ribeiro – JFE, José Teixeira – JFS, Nuno Almeida – JFAG e Manuel Dias – JFP) do presidente da Associação de Futebol Popular de Aveiro, um representante da FPF, do presidente Tiago Paiva e do presidente da autarquia – Arq. Miguel Reis – que reconhecendo no seu antecessor – Dr. Pinto Moreira – o trabalho em prol desta associação convidou-o para estar ao seu lado no discurso de encerramento dos trabalhos.
A tarde fica também marcada pela entrega de uma peça por parte da Junta de Freguesia de Paramos à Associação.
O edifício, circundado por espaços verdes artificiais (por uma questão de custo de manutenção a médio / longo prazo) divide-se por dois edifícios, um à face da rua (a antiga escola com um gabinete médico, uma secretaria e uma sala com o logótipo embutido na parede branca), e casa-de-banho e um edifício tipicamente industrial com uma estrutura de ferro, um soalho de cores claras e um palco, dotado de um sistema audio-visual.
Para um balanço ainda mais pormenorizado, estivemos à conversa com o presidente da AFPCE – Tiago Paiva.
FA) Tiago Paiva, na qualidade de presidente da direção da Associação de Futebol Popular do Concelho de Espinho inaugura com casa cheia a nova sede. Que sentimento invade neste momento?
TP) O sentimento é de enorme alegria e felicidade por termos concluído um dos projetos do nosso mandato e que já era almejado há muitos anos pela Associação de Futebol Popular do Concelho de Espinho. Uma obra ímpar, digna de registo que irá dar condições excecionais para continuar a levar a cabo o projeto desportivo e social da AFPCE.
FA) A presença de um novo executivo camarário bem como do anterior edil, todas as juntas do concelho onde de resto há equipas e clubes a disputar as duas ligas, é a melhor montra para as outras associações?
TP) A presença do novo executivo e do anterior edil é um sinal claro da convergência que existe na importância da AFPCE para o concelho e para a sociedade. Penso que o anterior edil fez um belíssimo trabalho em prol do futebol popular, mas com este novo executivo abriu-se uma nova esperança para AFPCE. Temos uma forte expectativa neste novo executivo municipal e no seu presidente, que já deu provas de valorizar o mérito, o trabalho, a dedicação e empenho de quem todos os dias dá o seu melhor em prol do associativismo, nomeadamente na AFPCE.
FA) Em algum momento deste processo de uma casa nova houve vontade para desistir ou a sua vontade para escrever mais uma bela história foi mais forte?
TP) Nós quando partimos para um projeto desta envergadura temos logo à partida a consciência que irão aparecer obstáculos e constrangimentos. Mas a capacidade, o rasgo e a ambição das pessoas da direção AFPCE são características que fazem minimizar ou mesmo neutralizar esses mesmos obstáculos. Temos uma postura, e eu em particular, de quando é para se fazer um projeto é para fazê-lo melhor possível, daí a obra estar à vista de todos.
FA) Uma casa cheia é o que espera no próximo dia 7 no Centro Multimeios?
TP) Sim. Sem dúvida! Contamos com a enorme mobilização de toda a associação num momento apoteótico que será a comemoração dos 38 Anos da AFPCE, que culminará com a apresentação do livro “38 Anos a Viver Futebol Popular” da Autora Cláudia Oliveira. Uma cerimónia que terá o privilégio de contar com o Exmo. Sr. Secretário de Estado da Juventude e Desporto – Dr. João Paulo Rebelo – e com o Diretor da Federação Portuguesa de Futebol – Hélder Postiga.
FA) Que projetos ainda estão guardados na sua vida para Associação?
TP) Bem, projetos meus para AFPCE estão sempre no meu pensamento e nas pessoas que trabalham comigo diariamente. Mas temos um ato eleitoral em janeiro e veremos como irão decorrer as coisas. Aguardemos serenamente, mas sempre com a responsabilidade de todos os dias darmos o melhor de cada um nós em prol AFPCE.
Texto e Fotografia: Francisco Azevedo/2021
Quem por estes dias passar pelo Complexo de Ténis de Espinho – na Rua do Porto – freguesia de Silvalde, de certo sorrirá. Ao momento da reportagem, a gestão agora entregue ao Clube de Ténis de Espinho, recebe a segunda prova desde Setembro, desta vez, o Circuito de Veteranos com a presença de trinta e cinco competidores, cinco competidoras divididos por três escalões.
Numa fase em que ainda se preparam os courts de terra batida no exterior (incluindo o central) e numa fase posterior, os de relva, os três disponíveis no pavilhão recebem entre os dias 15 e 17 o Torneio, desde as nove horas da manhã até ao final do dia.
A mesa com os prémios para vencedores e finalistas (masculino e feminino) está exposta no restaurante, recentemente renovado. Atualmente aberto durante os dias de prova, não serve apenas de restaurante, mas um também espaço de convívio.
O espaço conta ainda com um lugar reservado para os mais novos, e a varanda que tem vistas privilegiadas para o Court Central e os restantes no Complexo (lado sul) está devidamente protegida por lonas de um patrocinador que acreditou na equipa CTE.
Relativamente à competição, à nossa passagem os três campos encontravam-se ocupados com jogos. As finais disputam-se este domingo, e a cerimónia de entrega de prémios terá em princípio a presença do novo presidente da autarquia, Arquitecto Miguel Reis.
É possível morrer de amor? Perguntei eu uma vez! Não! Nunca ninguém morreu disso! Nem mesmo Inês? Aí, fez-se silêncio. Silêncio, a palavra que marca o início da noite no idílico cenário do Castelo.
Mas podemos morrer por amor à arte? Ao teatro? À esperança no futuro melhor? Se sim, Inês e Pedro provaram-no! Pedro fez finca pé ao pai por se ter apaixonado pela dama de companhia de Constança. Foi amor à primeira vista, e tal como o primeiro (e verdadeiro) não se esquece. As Décadas de Sonho, empresa e companhia de teatro especializada em espectáculos históricos, em estreita parceria com o Município de Santa Maria da Feira e a Comissão de Vigilância do Castelo, protagonizaram nos dias 1, 8 e 15 uma recriação que fez esquecer os tempos em que vivemos.
Arregaçaram as mangas, deram as mãos, estabeleceram sinergias e quem ficou a ganhar foram os espectadores, que rumaram àquele lugar. Além de estarem no espectáculo cumprindo as medidas impostas pela Direcção Geral de Saúde (máscara e distanciamento social), eram recebidas por uma vasta equipa que realizou um trabalho notável, (desde logo), o fluxo de circulação controlado, deixando assim de lado o cenário de aglomerados, e cada pessoa que entrava era-lhe feita a leitura da temperatura. As escadas em pedra, calcadas pelo tempo e pela histórias são percorridas por pequenos grupos. Ao chegar ao anfiteatro, (já com o palco e as luzes avermelhadas nas torres) jovens donzelas (vestidas à época) de voz terna e bem colocada acompanhavam aos lugares previamente reservados.
A música convidava ao recolhimento, à melancolia dos amores de outros verões. Quem não perdeu oportunidade de estar presente no segundo dia (8) foi Emídio Sousa – Presidente da Autarquia – que acompanhado de sua esposa, mostrou ser seguro visitar a Feira e participar nos seus eventos em tempo de pandemia. Embora se tenha procedido ao adiamento da viagem medieval, o Município não quis esquecer o evento e apoiou algumas iniciativas (designadamente gastronómicas e pequenos espectáculos). Risco teria sido não levar a cena esta peça, tão bem conseguida pela “Décadas de Sonho”, habituada a criar (e recriar) a história nos mais diversos cenários, mas a receptividade e auxílio do Município e da Comissão de Vigilância do Castelo foram preponderantes para o sucesso.
O certame – com duração aproximada de uma hora e trinta (sem intervalo) – segue os trilhos da história, intercalando momentos de ternura, com diversão (como são os treinos de espada de Pedro e António), das danças tradicionais às orientais, às lutas entre guerreiros nos patamares superiores laterais (o que “Obrigava” o espectador a fazer parte de um todo) ao fogo.
A mim (sem qualquer dificuldade) ecoam (em distintos momentos) três poesias diferentes, mas nas quais deveríamos sentir orgulho. Desde logo com as estrofes que Luís de Camões dedicou à doce Inês:
Estavas, linda Inês, posta em sossego
De teus anos colhendo o doce fruito…
Depois, as palavras de António Zambujo, quando canta:
Sonha um dia amar assim
Por um beijo, num banco de jardim
Mas o amor não é para qualquer um
Ser artista, não é uma vantagem
Os artistas amam um dia
Vendo o amor, apenas de passagem
E depois por Ruy Belo:
Inês morreu e nem se defendeu
Da morte com as asas das andorinhas
Pois diminuta era a morte que esperava
Aquela que de amor morria cada dia
Um momento que não passou de todo despercebido e gerou até grandes aplausos foi o momento em que em palco estava apenas Constança e Inês. A voz de Constança entoando uma melodia / letra bela (embora de sofrimento) arrancou arrepios. A doce Inês permanecia imóvel em segundo plano mostrando diversas emoções. De resto, o elenco soube viajar e transmitir os mais nobres dos sentimentos. E é isso que distingue a cultura do resto.
Esta viagem por “Pedro e Inês – O amor proibido” tem um desfecho diferente da “história”, Inês reaparece em cena viva e é coroada rainha, levando a corte a beijar-lhe a mão, vestida num tom branco que assentava na perfeição. A última dança de Pedro e Inês é a recriação no paraíso, ambos de branco e o tão esperado “juntos até ao fim”.
Texto: Francisco Azevedo
Fotografia: Francisco Azevedo & Pedro Fonseca
O parque de estacionamento da Nave Polivalente de Espinho servirá uma dose dupla de cinema ao ar livre no tradicional modelo americano Drive-In. Depois de “Meanwhile on Earth” a passar no Auditório da Junta de Freguesia de Espinho pelas 20h30, “Força Maior” será o primeiro a passar na tela gigante.
A organização do FEST está (ao momento da publicação) a ultimar os preparativos para que todos os que venham ao exterior do edifício, possam assistir às exibições nas viaturas sem prejudicar (quem está na fila atrás).
O Covid-19 afectou todos os sectores de actividade, e o ramo do audio visual não foi excepção. Assim, a União Audiovisual aliou-se ao FEST e estará em Espinho a recolher bens alimentares no âmbito das sessões de cinema Drive-In. A recolha será feita antes do início de cada sessão e servirá para ajudar profissionais do ramo que se encontram a braços com as dificuldades causadas pela crise. Os interessados deverão levar bens não perecíveis e, se possível, devidamente acondicionados em sacos.
Para saber um pouco mais visitem:
http://uniaoaudiovisual.pt
Ao dia onze de Maio abre em Portugal mais uma casa Bertrand, e desta vez, na rainha da Costa Verde em pleno centro da cidade um recanto de literatura. Foi uma agradável surpresa há pouco tempo (nos começos da quarentena) ver uma publicação de um amigo com o painel de letras brancas sob um fundo negro na característica calçada da rua 19. É um marco para a cidade, para o concelho e para as áreas limítrofes que assim já não precisam de se deslocar aos centros comerciais das cidades de Vila Nova de Gaia e Porto para assistir a uma apresentação de um livro, ver as novidades e viajar – e é mesmo isso que estamos a precisar.
Devido à situação de Covid – 19, a entrada de clientes está limitada a sete pessoas, e à entrada um boião de gel desinfectante, e foi como se voltássemos a uma casa, encontrámos gente amiga entre as quais Major Nunes da Silva – Presidente da Associação Comercial Viver Espinho. A loja tem muita luz natural e a sua localização não podia ser mais central, está a poucos passos do posto de correios CTT, do Município e dos bancos. A equipa de trabalho é simpática, disponível para esclarecer e ajudar.
Até ao próximo dia 16, (de segunda a sábado), os clientes com cartão Bertrand têm desconto de 20 a 50%, e as novidades com 10%.
Para os aficionados da poesia, tem uma excelente oferta, de Sophia de Mello Breyner a Ruy Belo, passando por Ramos Rosa. Semanalmente haverá um livro (novidade) nas caixas e os sacos reutilizáveis estão por um preço simbólico e são giros, com frases inspiradoras, de Fernando Pessoa.
– O António estará orgulhoso desta homenagem!
A noite fria e um jogo de futebol na cidade dos arcebispos não foram suficientes para afastar do Europarque – diga-se, em abono da verdade – um lugar que convida a um passeio sem pressa e uma experiência gastronómica no Restaurante do Lago – ao contrário do que acontece na maior parte dos concertos, a entrada dos músicos foi demorada (acompanhada de palmas) mas também não é todos os dias que se juntam duzentos e vinte músicos no mesmo palco, divinamente orquestrados por quatro maestros das quatro bandas filarmónicas do concelho de Santa Maria da Feira:
O certame “Variações Filarmónicas” serviu de encerramento às comemorações das Fogaceiras e não podia ter terminado da melhor maneira – depois de em 2019 – o filme que retrata o génio musical António Variações interpretado por Sérgio Praia. Às bandas acima referidas juntaram-se Daniel Padrão, Jaime Ribeiro, Joana Almeirante, Joana Espadinha e Luiz Ribeiro. Num auditório a rebentar pelas costuras, nomes como Emídio Sousa (Presidente da Autarquia) e Gil Ferreira (Direção Executiva do evento) e que em Fevereiro de 2019 se deslocou à capital apresentando ao irmão de António Variações o projecto.
Depois de uma leitura de um texto sobre António, as quatro bandas sob a direcção do Maestro Bruno Azevedo presentearam o público com um medley, convidando posteriormente Joana Espadinha para entoar “Adeus que me vou embora” e “Gelado de Verão”. A noite – que ficaria invariavelmente marcada por histórias de canções de António – alguns pormenores dados a conhecer couberam a Luiz
e Jaime Ribeiro (irmãos) e que logo à subida ao palco proporcionaram uma gargalhada com o título da canção e história “Que pena seres vigarista” e “Sempre ausente” com as bandas sob a batuta do Maestro Filipe Oliveira.
Os temas número seis e sete estavam reservados para a jovem feirense Joana Almeirante que tem dado que falar como guitarrista e segunda voz de Miguel Araújo – referindo que era um orgulho estar “em casa” homenageando um grande nome da música e cultura portuguesa, fazendo-se acompanhar para “Muda de vida” pela sua guitarra eléctrica e em “Quero é viver” apenas com voz.
Depois de um momento terno de Joana Almeirante, foi a vez de Daniel Padrão (artista do concelho) criar a sua “Teia” e um dos temas mais conhecidos de António “O corpo é que paga”.
O concerto caminhava a passos largos para o final – e de Braga já surgiam os primeiros zunzuns de um Sérgio Conceição a colocar o lugar à disposição depois de perder o jogo nos últimos segundos – ao palco voltou a subir Joana Espadinha com a “Canção do Engate” e “Estou além”.
Jaime e Luiz voltaram ao palco e deram a conhecer mais um conjunto de histórias do irmão que faleceu em Lisboa em 1981, e entoaram sob a direcção do Maestro Marcelo Alves a única canção que António fez de homenagem à mãe “Deolinda de Jesus”.
Para o final ficou reservado o agradecimento e reconhecimento às bandas do concelho (e respectivos maestros) e uma subida ao palco das jovens feirenses com fogaças para entregar aos convidados Joana Espadinha, Joana Almeirante, Daniel Padrão, Luiz e Jaime Ribeiro e maestros. O “clássico” encore não podia faltar e o público cantou de pé. A Festa das Fogaceiras promete regressar em 2021 com mais motivos para palmas e visitas ao concelho.
Se ao momento da entrada na porta lateral norte da Igreja Matriz N.ª Sra. da Ajuda, me pedissem três palavras / sentimentos sobre música e fé diria sem hesitar os seguintes:
A vida que escolhi – e pela qual luto desde Agosto de 2012 – tem-me dado oportunidades de conhecer e vivenciar experiências que por muito que queira – não consigo expressar em palavras – mas fica aqui a promessa que tentarei transmitir ao máximo em imagens e pensamentos o que foi a segunda noite do ano novo na cidade que me viu nascer. Ao sair de casa olhei o céu, e por ali, julguei tratar-se de uma bênção, havia muitas estrelas a iluminar o caminho. Umas horas antes havia recebido o contacto para assegurar a reportagem do Concerto de Ano Novo para o Município. Em palco uma conjugação perfeita de notas musicais e vozes de pessoas amigas, que aqui e ali fui reconhecendo nos quatro patamares junto ao Altar. A Orquestra MSS Consort e o Orfeão de Espinho magicamente guiados pelo Maestro Samuel Santos.
A noite havia ainda começado e no “guião” estavam já reservadas surpresas, desde logo a intervenção vocal estrondosa do Maestro – que a título de curiosidade – tinha sob sua orientação a filha e na plateia a esposa, também ligada à Música. Samuel Santos nasceu em 1972 em Moçambique e desde tenra idade manifestou interesse pela música. Desenvolveu os seus estudos em Portugal e posteriormente em França e Suíça aprendendo Órgão Litúrgico, Flauta Transversal integrando também na altura coros juvenis. Desde 2012 que dirige duas academias de música e um projecto “música para pais e bebés” em vários pontos de Portugal.
A MSS Consort foi fundada em 2012, sendo pertença do grupo de ensembles vocais e instrumentais da Produtora DaMusTeArtes – tendo iniciado a sua actividade sob a sigla “Maia Ensemble”, é composta por músicos profissionais, instrumentistas de carreira nacional e internacional, oriundos do norte e centro do país – assumindo assim uma representatividade que se reflete na forma interpretativa das suas obras. Do curriculum fazem parte participações em diversos auditórios como o da Exponor, o Fórum da Maia e a Casa da Música.
A área de intervenção da jovem orquestra situa-se entre o período barroco e romântico, e as pessoas que preencheram os bancos da Igreja não se contiveram em alturas de palmas e chegando até a ovacionar de pé os intervenientes da noite. Como é perceptível na imagem, os músicos estiveram ladeados por público, entre os quais uma representação de um país pertencente aos PALOP (Países de Língua Oficial Portuguesa). A orquestra é liderada pela produtora Sandra Araújo, tem como secretário de orquestra o primeiro violino Tiago Rodrigues e claro – dirigida pelo seu fundador, o Maestro Samuel Santos.
Em conjunto – o Coro e Orquestra presentearam os presentes com temas de:
O Município esteve representado pelo seu Vice-Presidente Dr. Vicente Pinto e esposa, a Junta de Freguesia pelo seu Presidente – Vasco Alves Ribeiro – e esposa, e a Associação Comercial Viver Espinho (Parceiro Espinho Cidade Encantada) Major Nunes da Silva.
O Orfeão de Espinho – conta já com mais de cem anos de existência – foi fundado na segunda década do século XX, mais precisamente a 11 de Fevereiro – e desde então – que mantém a sua actividade, da sua história faz parte a regência do Maestro Fausto Neves. Também ninguém esquecerá a execução do Hino a Nossa Senhora da Paz “Miraculosa” de autoria musical de Fausto Neves e letra da Carlos Moraes. Da memória farão também sempre parte em 2007 quando as vozes do Orfeão de Espinho se fizeram ouvir na Assembleia da República.
O Coral do Orfeão de Espinho divide-se em: Sopranos, Contraltos, Tenores e Baixos que passamos a divulgar os nomes:
SOPRANOS
CONTRALTOS
TENORES
BAIXOS
Este grupo foi acompanhado ao piano por Isabel Rodrigues.
Factos históricos relevantes relativo ao Orfeão: em Novembro de 1931 foi distinguido com a Comenda de Cavaleiro da Ordem de Benemerência pelo governo de então, medalha de prata da cidade de Espinho, Corbata de Honra da cidade da Corunha e Sócio Benemérito dos Bombeiros Voluntários de Espinho.
O Maestro protagonizou ainda um segundo momento especial na noite de ontem – em que desceu do palco, e sem recurso a microfone contou uma história e causou surpresa com uma jovem violinista a irromper pelo corredor central, juntando-se depois à orquestra junto ao Altar. Num certame que durou perto de uma hora, ninguém arredou pé e o já “tradicional” encore aproveitado por todos a recordar a época festiva que termina no próximo fim-de-semana com o Dia dos Reis. O tema “Silent Night” foi lindo e emocionante como pode ser visto no nosso Facebook em:
https://www.facebook.com/fpstudip2018/videos/1031187100569371/?epa=SEARCH_BOX
O feedback no final da noite era muito positivo, e alguns presentes referiram mesmo que foi o melhor concerto dos últimos anos, verificando-se assim uma aposta ganha pelo Município.
Texto: Francisco Azevedo
Fotografia e Vídeo: Francisco Azevedo
A reportagem (na íntegra – fotografias) podem ser consultadas no Facebook da Focal Point Studio no Facebook.
Porto, 11 de Novembro de 2019
Cheguei cedo. Depois de entrar na cidade pela ponte que me mostra o anfiteatro da Ribeira e o ferro da D. Luiz I consegui (se calhar um sinal…) serpentear pelas ruas da Baixa sem ficar retido num semáforo. Tive luz verde para ir ao encontro de Ana Paula Cruz (Lokas Cruz, como gosta de ser tratada) na Pastoral Universitária, residência que acolhe estudantes de 70 nacionalidades diferentes, um local perfeito para aprender a ver a vida com outros olhos, a sermos mais tolerantes. O mote foi dado pelo Padre José Pedro Azevedo e pelo Dr. José Veiga – Responsável da Pastoral Universitária.
Ana Paula foi convidada no âmbito do “Três meias e dás à sola” em que inclui sempre uma celebração na capela – no primeiro piso – uma conversa e um jantar partilhado. A primeira vez que ouvi a voz jovial, doce e terna de Lokas, confesso não tinha os olhos no monitor do Porto Canal (entrevista dada a Júlio Magalhães a 26 de Julho deste ano), poucos dias antes de embarcar numa das mais intensas missões: a de busca e salvamento no Mar Mediterrâneo – mas já lá vamos! Com a vontade de vos contar tudo o que me deixou (e a todos em silêncio durante uma hora e tal) esqueci-me de a apresentar.
Ana Paula Cruz nasceu em Celorico de Basto, estudou Medicina no Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar e fez a sua primeira experiência no terreno – depois de um ano de formação – ao abrigo do projecto “Grão” e aí percebeu que tinha uma missão “… Era do mundo e que – a casa vai ser longe do sítio onde nasci…”. Para Fonte Boa (região de Moçambique) levava apenas numa mochila três pares de calças, quatro t-shirts e dois pares de botas. Tem – apesar de terna idade – consciência do mundo em que vive e sente necessidade de ir “… onde dói mais…”. Nessa primeira viagem (sem redes sociais) e com uma chamada para a família semanalmente, só se preocupou com uma coisa – o de dar o melhor de si. Vacinou crianças, deu cursos de primeiros socorros nas escolas e ajudava os adolescentes a olhar para o futuro.
Em 2016 encontrava-se a realizar o último ano do curso em Itália (Erasmus) e a estudar para o exame final (Harrison). A título de curiosidade é com a nota que os alunos poderão concorrer à especialidade que mais se identifica consigo. Foi também nesse ano que o mundo assistiu a uma grave crise humanitária e à entrada de refugiados na região de Lesbos (na Grécia) e em Malta. Ana sentiu necessidade de contribuir com as suas mãos, sabedoria e coração num dos contextos mais complexos, passou os dois últimos meses do ano (Natal inclusive) às portas da Grécia que não vem nos postais.
Não esqueceu de contar que mesmo perante as dificuldades (violações às mulheres no campo, às tendas em que viviam que deixavam passar tudo: chuva, vento, até a morte…), havia espaço para a esperança com uma imagem de um menino com um postal a dizer “This Christmas I Wish you good” / “Este natal desejo-te o melhor”. Foi também por esta altura que deu a conhecer o Cemitério dos Coletes, uma zona de uma enorme carga emocional, de um silêncio arrebatador. Ali, Lokas encontrou de tudo: de biberões a sapatos e até o Corão. Na imagem – a que tivemos acesso – aparecem jovens voluntários de costas a olhar o cenário Dantesco. A Lesbos chegaram pessoas de vários países que passavam por graves crises humanitárias tais como o Afeganistão, Congo… O campo não era mais do que muros de rede e arame farpado. Ao ver tudo o que a rodeava – Lokas sentiu vergonha de ser europeia, ao mesmo tempo que tomava consciência de que a inércia é o pior inimigo da Humanidade.
Mesmo existindo pouco espaço para acreditar em “algo bom” as noites eram mágicas para um grupo de crianças e para eles – enquanto humanistas, médicos, enfermeiros, fotojornalistas – cada vez que o sol se punha utilizavam um contentor onde passavam filmes, e era por ali também que muitas das crianças perseguiam os seus sonhos. Dois exemplos que nos deu: da criança que sonhava um dia ser professora de ciências (e conseguiram arranjar-lhe livros para alimentar o seu sonho) ao menino que queria ser break dancer. O que mais queria era naquele “mundo” conseguir trabalhar o perdão e dizer vezes sem conta “… esta também é a tua casa, és bem-vindo!…”.
Em 2017 suspendeu o internato e voou até à região de Dundo – Angola – para um cenário onde encontrou um “histórico” conflito com mais de vinte anos, 40 mil pessoas fugiram do genocídio, das milícias… Nessa missão, Lokas tinha três pontos a fazer:
E SEMPRE… no meio de tudo, Lokas encontrava forma de conceder e proporcionar dignidade na hora da morte. Contou que um dos momentos mais felizes foi quando chegaram ao campo sacos-cadáver e já não precisavam de enterrar pessoas em cobertores. Há lugares no mundo onde já não nascem flores, mas Lokas descobriu e ficou em paz consigo própria. Existe um contraste real entre o que é escuro e difícil com tudo o que é luminoso e bonito, quando chegava ao campo diariamente crianças de sorriso no rosto corriam na sua direcção. Para evitar que aquele número de crianças crescesse em orfanatos uma das tarefas de Ana era dar formação a famílias locais que se predispunham a adoptar sobre saúde e infância – que é de resto o que faz diariamente no Centro do Saúde onde trabalha em Freamunde.
“… Sinto que estou em todas as missões, ainda! É o mundo que nos ensina a cuidar do mundo…”.
Em 2018 rumou ao Bangladesh (comunidade de um milhão e duzentas pessoas). O que é assustador é trabalhar num dos maiores campos de refugiados do mundo. Fez uma viagem pelo campo 4 durante horas e só depois lhe explicaram que só tinham visto um, são 27 campos. A violência no campo justifica muita coisa do que depois é visto e analisado nas consultas. Tinham uma média de 300 pessoas na sala de espera por dia. As mulheres continuam a ser um alvo – mesmo dentro do campo – pelo que a maior parte usava fraldas para não ter de ir a meio da noite às latrinas. Para uma família de 4 pessoas tem para um mês um litro de óleo, dois quilos de farinha e feijão. O contexto é muito difícil, não chega a violência que já passaram em Myanmar mas também no campo. Ana considera que não é complicado saber alguns detalhes daquele um milhão e duzentas, é sim em consulta ter uma pessoa e saber o que ela passou. Dói, de forma desproporcional. Tirava fotografias às mãos das mamãs e das crianças por ser mulher e descrevia o que lhe contavam. Recordou a história de uma mãe com aproximadamente 60 anos de idade mas com aspecto muito mais velha que quando os militares chegaram à aldeia e matavam indiscriminadamente, conseguiu fugir e esconder-se durante dois dias num buraco. Utilizava a expressão “Eles matam-nos como quem corta erva…”.
No meio de tudo há histórias bonitas, de reencontros no campo. Os Rohingya pediam para falarem deles ao mundo, o que lhes estava a acontecer. Recusa estar em silêncio, e disse até melhor: o nosso dever enquanto médicos, humanistas, voluntários é DEFENDER e DENUNCIAR.
Já este ano decidiu interromper a actividade profissional durante seis meses, tinha ideias de voltar para os Campos de Refugiados na Europa só que entretanto dá-se o ciclone em Moçambique. Ana tem uma ligação muito especial àquele país e não conseguiu ficar sentada em frente à televisão a ver o que acontecia, e contactou a AMI (Assistência Médica Internacional) sem esperança de que lhe retribuíssem o email, só que menos de vinte e quatro horas depois recebeu uma chamada telefónica dizendo que contavam com ela. Sempre foi uma pessoa descontraída e quando a questionaram sobre quando poderia ir ela disse:
– Amanhã!
O feedback do outro lado foi de aprovação, mas depois disse que precisava de arrumar a mochila. Mais uma vez – Lokas surpreende-nos com esta frase:
“… Uma coisa que era mesmo agradecida era perceber que a minha vida em 48 horas cabia numa mochila de 15 quilos mas o meu coração muito mais pesado, com muito mais inquietações, mas que cabia e queria estar lá, não havia nada que me impedisse de ir para perto deles…”.
Teve a honra de trabalhar com uma equipa incrível no Hospital de campanha, chegaram a Beira dez dias depois do ciclone, e com ele: ferimentos, mortes, destruição de casas, árvores, surto de cólera, malária e todo um impacto das perdas e da morte. Esteve na Beira até Junho, conseguiu testemunhar a força daquelas pessoas em reconstruirem as suas vidas, as suas casas e conta também que um dos locais (Nonô) que trabalhava perguntou se podia sair um bocadinho mais cedo porque tinham chegado as chapas para o telhado.
– Viveste este tempo todo sem telhado? Vai, claro que sim – e deu-lhe um abraço!
Mostrou uma imagem feita no final de Maio onde ainda era visível a destruição, a reconstrução e o sorriso das crianças – que recorda – era o mesmo quando lá chegara. Na consulta uma coisa que a marcou foi que quando perguntavam o que tinham, se estava tudo bem eles diziam que sim, mesmo que tivessem perdido família, a casa. Diziam que estavam bem porque estavam vivos.
“… O número de pessoas que ia precisar de ajuda era imensa. A maneira como eles vivem esta dor em comunidade e como o instinto de sobrevivência não é maior que o instinto de proteção comunitária. Ensina-nos imenso…!”.
Mais recentemente – depois de umas semanas em Portugal – fez parte de uma equipa de busca e salvamento no Mar Mediterrâneo (Julho e Agosto), a missão mais intensa em termos de contexto político a cerca de 24 milhas náuticas da Líbia e era a única médica a bordo. Mais de 1200 pessoas perderam a vida desde o início do ano para tentar chegar à Europa, e desde 2013 mais de 20 mil, é a fronteira que mais mata no mundo e “… morrem à porta de nossa casa, literalmente…”.
Obrigado Lokas pela forma como fizeste de uma sala em silêncio uma viagem na(s) primeira(s) pessoa(s). É de pessoas como tu que o mundo precisa para que o horizonte seja azul e a esperança imortal.
OLHAR COMO QUEM VÊ, E COMO QUEM SENTE!
Texto: Francisco Azevedo
Imagem: Arquivo Digital Ana Paula Cruz / Francisco Azevedo & Pedro Fonseca
…O silêncio…
Doar um pedaço de mim à ciência! Porque não? O que serei anos depois de aparecer no painel que todos param na rua central da minha cidade? Não me assusta falar da morte, embora seja das que lida pior com a perda, com a ausência, com a incerteza de haver algo mais além… Choro por quem parte, mas haverá alguém a chorar quando decidir doar em vida algo que um acto de amor me presenteou?
Porto, tarde solarenga – ainda que fria – e do céu tons de azul. A umas centenas de metros da entrada principal do Cemitério de Agramonte, por entre campas esquecidas no tempo e no sentimento, a pedra e a lápide já gasta dos anos consecutivos de sóis e chuvas, um relvado bem cuidado, jovens estudantes de Medicina, familiares, docentes, autarcas, homenageiam quem partiu tendo deixado escrito que não queriam uma vala comum, um jazigo de família – tantas vezes deserto, apenas visitado com lágrimas nos dias dos fiéis – ou então um bando de cinzas atirados ao vento naquele lugar mais especial… Foram pessoas de carne e osso, que assinaram um documento que as colocaria num teatro anatómico de uma Faculdade de Medicina, no caso – Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.
– Porque terei eu necessidade de ir para um lugar se posso ajudar a formar melhores médicos? Não há dois pacientes iguais, não há dois fémur iguais.
A cerimónia levada a cabo pelo Unidade de Anatomia – Departamento de Biomedicina da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, teve ontem o seu terceiro ano de homenagem, uma iniciativa em estreita colaboração com a Câmara Municipal do Porto, onde em silêncio, com testemunhos, flores amarelas (cor do curso) se evocam todos os cidadãos que desde 1980 contribuem para que o Programa de Doação Cadavérica da Unidade de Anatomia do Departamento de Biomedicina da FMUP. Uma inscrição numa placa metálica diz:
“A ti, cujo corpo no seu repouso foi perturbado pelas nossas mãos ávidas de saber o nosso respeito e agradecimento. Homenagem à doação do corpo humano para ensino médico e investigação”.
Em notícia divulgada há praticamente um ano, as intenções de doação cadavérica cresceram significativamente, passando de 156 doações (em 2016) para 428 (Novembro de 2018).
A cerimónia contou com a presença da Prof.ª Dulce Madeira (Coordenadora da Unidade de Anatomia da FMUP), Prof. Francisco Cruz (FMUP) que substituiu Altamiro da Costa Pereira, Filipe Araújo – Vice-Presidente da Câmara Municipal do Porto, Capelão do Serviço Religioso do Centro Hospitalar de São João, Beatriz Clement (em representação dos dadores) cuja mãe faleceu recentemente, Maria de Jesus Dantas (em representação dos estudantes de pós-graduação) e Ana Sofia Ramos (em representação dos estudantes de pré-graduação).
O certame de aproximadamente uma hora, teve momentos musicais, protagonizados inicialmente por uma violinista – aluna do primeiro ano de Medicina – e a finalizar pelo grupo de fados da Faculdade re-visitando “Verdes Anos” de Carlos Paredes e terminando com um tema original.
Terminado o processo de investigação / auxílio à educação, formação dos novos médicos na disciplina de Anatomia, os corpos entram em processo de cremação e as suas cinzas repousam no Cemitério de Agramonte. De acordo com a legislação em vigor, a intenção de entregar o corpo à ciência deve ser manifestada em vida, tendo para esse efeito – a FMUP um formulário que as pessoas podem preencher e enviar.
“… Somos todos parecidos, mas não somos todos iguais. Ensinar estudantes em pessoas reais e não em modelos é uma benesse enorme que só é possível graças ao acto de extremo altruísmo daqueles que optam por doar o seu corpo para a investigação científica…” – refere Dulce Madeira.
O prof. Francisco Cruz é sub-director da FMUP e foi em representação do director, o Prof. Altamiro Pereira.
Atentos e com algumas lágrimas a escorrer pelo rosto, estavam familiares e dadores. O jardim bem cuidado e a luz que espreitava pela copa das árvores deram ainda mais sentimento de proximidade com todos os que já partiram.
Quem também marcou presença foi Filipe Araújo – Vice-Presidente da Câmara Municipal do Porto, e com quem, de resto, a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (e em particular o Departamento de Anatomia) tem uma estreita ligação desde 2016. É graças à conjugação de esforços que os corpos já estudados passem por um processo de cremação (também na cidade do Porto) e depois depositadas no Serenarium.
José Paulo de Sousa Teixeira, natural de Marco de Canaveses sucedeu a José Nuno Silva na Direcção do Serviço de Assistência Espiritual e Religiosa (SAER) e é actualmente o capelão do Centro Hospitalar de São João (CHSJ) e teceu também umas palavras aos presentes sobre fé e o acto de amor de doar o corpo.
Enquanto um grupo de pessoas ouvia as palavras de José Paulo, o cordão humano no Serenarium se tornava mais intenso e coeso. Uma cerimónia marcada por silêncio, por olhares ao céu e à relva.
Cada tomada de palavra ou o seu términos não ecoavam palmas, era ainda mais uma oportunidade para introspecção e evocação de tamanha dádiva.
De todos os momentos, este foi sem dúvida (pelo menos para mim e para quem estava próximo) o mais próximo da dor e perda. Beatriz Clement perdeu a sua mãe há pouco mais de um mês por doença oncológica. Quis ser mais uma dadora do corpo ao teatro anatómico da Faculdade, que o seu caso fosse estudado e servisse para ajudar no futuro…
Seguiram-se palavras de Maria de Jesus Dantas – em representação dos estudantes de pós-graduação, e em seguida de Ana Sofia Ramos – dos estudantes de pré-graduação.
Graça Barros – escreveu no mural do Departamento de Anatomia as seguintes palavras que refletem na perfeição a dádiva:
Num gesto de amor universal
Desprendidos da matéria vulnerável,
À Ciência doamos, com humildade,
O que nos resta na viagem final.
Texto & Imagens: Francisco Azevedo
Informação contida no artigo: Site Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Sic Notícias, Facebook do Departamento de Anatomia.
A Escola da Quinta – junto à Secundária Manuel Laranjeira – foi o palco escolhido pela Juventude Social Democrata para um magusto e tomada de posse dos novos órgãos locais. Bernardo Lacerda fecha um ciclo deixando agora os holofotes voltados para Carolina Marques, jovem jurista formada nos corredores da Universidade de Coimbra no Verão de 2019. O convite surgiu largas semanas antes da tomada de posse e foi uma honra para a Focal Point Studio ter estado presente como parceiros digitais do evento. Numa semana marcada pela entrada em cena de Luís Montenegro a líder do partido (dia seguinte, em Lisboa) e dos primeiros debates com o novo governo, estivemos à conversa com Carolina, falámos do presente, do passado recente, dos valores, do futuro. O certame contou com a presença e discursos de Pinto Moreira, Vicente Pinto, Carlos Seixas, Bernardo Lacerda.
Perante a necessidade de ausência do evento (visita do Bispo do Porto à cidade de Espinho – Paróquia de Anta) – Pinto Moreira – Presidente da Câmara Municipal de Espinho – foi o primeiro a tomar da palavra. Perante uma plateia de jovens pediu juízo no futuro no concelho, na distrital e no país, numa clara mensagem de voto em massa nas próximas eleições (autárquicas – em 2021). Em declarações à Secção de Notícias da Focal Point, Pinto Moreira disse:
Para Vicente Pinto – Vice-Presidente da Autarquia – e actual Líder da Concelhia de Espinho – também em declarações à secção de notícias da Focal Point preferiu as seguintes palavras sobre a nova Presidente da JSD de Espinho:
A JSD terá um futuro promissor com esta equipa liderada pela Carolina Marques. Acredito na sua força e no empenho que colocará na execução das suas propostas para o concelho ao serviço dos jovens. Ela sabe que pode sempre contar comigo para defender as suas propostas e apoiar as iniciativas da JSD.
Para Bernardo Lacerda, a presença no certame laranja trouxe um misto de nostalgia mas um claro sinal de que “ser da jota é ser diferente…”, deixando no ar um perfume de boa disposição, energia e transmissão de confiança para quem iniciara agora um mandato numa fase difícil do partido.
A equipa liderada pela Carolina é composta por amigas e amigos da sua inteira confiança. Não deixem de ler a nossa agradável conversa. Quanto à Juventude Social Democrata, desejamos as maiores felicidades.
1 – Carolina, obrigado por teres aceite o repto para um balanço desta tarde de Novembro. 2019 é um ano que não esquecerás tão cedo?
Sem dúvida. Foi um ano de muitos desafios e conquistas e esta é uma delas. Assumir a presidência da JSD de Espiho é uma enorme honra e um grande desafio. Mas temos de estar preparados para o que o futuro nos reserva. Espero que 2020 seja melhor, a muitos níveis.
2 – O que significa para ti ter na plateia referências do Partido Social Democrata, não só da cidade, mas também do distrito e a nível nacional e candidato a líder do Partido, Luís Montenegro?
Significa que Espinho e a JSD Distrital de Aveiro estão unidas. Quer para mim, quer para a minha equipa, foi um gosto tê-los na plateia. São pessoas com quem crescemos a nível político e nos ensinaram muito do que nós hoje sabemos.
Relativamente ao candidato a líder do partido, Luís Montenegro, antes de ser candidato é militante em Espinho. Já era uma presença assídua nas atividades da jota. Ter correspondido ao nosso convite, significou que continuará com a relação que sempre teve com a JSD de Espinho. Ficamos naturalmente contentes com esse sinal.
3 – Que papel pode ter a JSD num momento de crise do partido? Já agora, a quem atribuis a culpa de um resultado negativo nas eleições europeias e legislativas?
A JSD é extremamente importante, os jovens também fazem do partido. Queremos que a JSD continue a ser uma estrutura determinante nas vitórias eleitorais do Partido.
Acho que o Partido só tem a ganhar com a integração de novos quadros.
Vemos os jovens alheados da política, e isso deve merecer uma reflexão. Deve-se ter atenção à abstenção e às faixas etárias que contribuíram para a mesma. Isso é que é preocupante!
4 – Chegas a presidente da Jota depois de Bernardo Lacerda. Que legado é que te é deixado? Já agora … A voz embargou quando agradeceste tudo o que ele te ensinou. É um amigo para a vida?
Conheci o Bernardo há quase 6 anos, tinha eu 16 anos. Ambos temos personalidades fortes e às vezes divergíamos nas nossas opiniões … mas o que eu sei hoje e o que me fez assumir esta responsabilidade deve-se ao que aprendi com ele. O Bernardo pensa em grande em função dos jovens espinhenses e é assim que deve ser.
O legado que me é deixado é enorme, assim como a responsabilidade. Espinho tem de continuar no mesmo patamar, se não superar as expetativas.
O Bernardo é um amigo para a vida, e eu sei que posso contar sempre com ele e ele sabe que pode sempre contar comigo e com esta estrutura que faz parte da vida dele.
5 – Tiveste neste final de tarde a companhia do teu núcleo de Coimbra. É verdade que tem mais encanto na hora de despedida? Considera que a formação na área do direito te moldou para o futuro que tens pela frente na juventude social democrata?
Coimbra é e continua a ser a minha casa desde 2015. Na hora da despedida sei que vai ter mais encanto, assim como vai ser sinónimo de saudade. Contar com os meus amigos neste final de tarde foi a “cereja no topo do bolo”. Conhecemo-nos em Coimbra e agora cada um seguiu o seu rumo no mestrado. A amizade é um dos valores que mais apreço dou e contar com eles demonstrou que o que Coimbra une, não separa.
A minha formação na área do direito tem, com certeza, um peso que me permitiu assumir esta responsabilidade. Porém acho que, além do direito, o facto de ter pertencido ao associativismo, concretamente, no Núcleo de Direito da Associação Académica de Coimbra, fez-me olhar com outros olhos para questões que outrora não percebia o impacto que tem na vida de qualquer jovem – desde fazer um simples curriculum vitae ao arrendamento jovem.
Nesse aspeto tenho o privilégio de ter uma equipa muito ativa no que diz respeito a associações de estudantes e núcleos. Estou muito ansiosa por materializar algumas ideias que temos sobre esta matéria e que resultam da conjugação das várias visões que temos do associativismo.
6 – Que princípios não abdicas?
A que mais me caracteriza, a minha sinceridade. Além dessa, a lealdade, criatividade e companheirismo.
7 – Francisco Sá Carneiro dizia que “política sem convicção é uma chatice, sem ética é uma vergonha …”. Quais são os resultados/metas a que te propões neste mandato?
Desde logo, o maior resultado a que quero chegar é criar uma rede de militantes que esteja em contacto e participe connosco. Posso dizer que, até agora, temos sido bem-sucedidos mas queremos continuar. A JSD não são só os seus dirigentes, são necessários jovens que participem com ideias e com críticas construtivas, só assim é que vamos conseguir crescer e chegar onde queremos.
Aproveitando o facto de estarmos, praticamente, todos a estudar, a nossa maior bandeira é a educação. Não quer isto dizer que não existem outras metas de outros âmbitos. Procuramos sempre discutir propostas que preencham os vários campos de atuação dos jovens e, tal como referi, em dois anos aparecem sempre ideias mais oportunas ao momento.
Efetivamente, a política sem convicção é uma chatice. É exatamente por isso que as nossas metas são ambiciosas, mas não utópicas.
8 – A proximidade com o Partido a nível local consideras ser uma mais-valia para o teu projeto?
Sem dúvida. O PSD e a JSD devem andar lado a lado, mas essa não é uma realidade em todo o país. Espinho tem muita sorte desta proximidade existir. No que depender de mim, esta relação vai continuar.
Contacte-nos já e peça o seu orçamento sem compromisso.
Telf.: +351 916 894 653
Francisco Azevedo: francisco.azevedo@focalpoint.pt
Pedro Fonseca: pedro.fonseca@focalpoint.pt