Não é a primeira e com certeza não será a última que o Blog do Obturador na sua rubrica “Obturar falando” atravessa o imenso Atlântico. Se em “Há um mar que nos separa” Leonor Andrade encontrou as palavras certas de Miguel Gameiro
“… Se há um mar que nos separa, vou secá-lo de saudade, e apertar-te contra o peito… Beijo feito de vontade…” perceberão na nossa conversa que Bárbara Lins sente saudade do muito que já viveu. Nascida na terra do sol quente e das palavras certeiras de Jobim e Toquinho, foi com espanto que recebeu o convite para uma conversa informal sobre viagens, sobre jornalismo, sobre vida. Nunca pensou chegar tão longe o “Descobertas Bárbaras”. Deu-nos a total liberdade para a escolha das imagens que povoam e recheiam ainda mais a nossa conversa.
Obturar falando (OF) – Bárbara Lins, bem-vinda ao Obturador do Pensamento. Desde que lançou o espaço virtual “Descobertas Bárbaras” qual foi de facto a que mais dificilmente esquecerá?
Bárbara Lins (BL) – Foram quando os primeiros contatos de pessoas que se identificavam com o blog começaram a chegar. Gente que passava pelas mesmas situações que eu e que agradecia por eu estar compartilhando com elas o que vivi. É muito gostoso ter essa relação com quem nos lê.
OF – Os blogues estão em voga nos dias de hoje. Crê que são uma boa ferramenta de publicidade para o “bem e para o mal” ou simplesmente para alguns/algumas a forma de se tornarem “famosos”?
BL – Acredito que existem pessoas que criam blogs para serem famosos, mas a maioria está escrevendo para compartilhar algo que vivem, que amam, que faz parte da vida delas. Nisso eu acho importante existirem cada vez mais blogs para que as pessoas possam achar na internet outras pessoas com os mesmos interesses que ela. Assim formamos comunidades virtuais.
OF – Faz parte de uma família gigante: a Globo. Lembra-se do primeiro dia? E o primeiro directo?
BL – Lembro! A Globo é uma excelente empresa. Desde estudante tinha admiração pelo profissionalismo da equipe. Tenho muito orgulho de fazer parte desde time. Minha primeira entrada ao vivo foi na cobertura de um crime, na frente de uma delegacia de polícia. Quase enfartei! Fiquei muito nervosa, repeti o texto mil vezes antes do jornal começar. No final deu tudo certo, mas até hoje fico ansiosa antes de entrar ao vivo.
OF – A paixão pela fotografia de viagens e o jornalismo estão no mesmo patamar ou tem preferência por alguma delas?
BL – Jornalismo vem primeiro. Amo contar histórias. Sou apaixonada por conhecer gente nova, lugares novos, viver diferentes experiências. Ele me proporciona vivências únicas. Em 2015, numa mesma semana estava cobrindo uma reunião da ONU em Nova York ao lado do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama e do Papa Francisco e dois dias depois estava embaixo de uma ponte no interior do estado de goiás no Brasil cobrindo o desaparecimento de uma santa que ficava na entrada da cidade. Isso é fantástico!
OF – Quando recebeu o convite de um blog com seis meses de vida do outro lado do Atlântico para uma conversa informal, qual foi a primeira reação?
BL – Fiquei surpresa! Nunca imaginei que o blog era lido por aí! Já curtia o trabalho de vocês, ter esse reconhecimento foi muito bom.
OF – Um dos posts publicados no seu espaço “Férias não precisam ser eficientes. Precisam ser férias”. O bom e o mau de uma viagem entre dois continentes?
BL – O problema é que a gente tem uma vontade de conhecer tudo de uma vez. Daí faz um roteiro com mil atividades ao mesmo tempo e esquece que férias também foram feitas para relaxar. Visitando outro continente é ainda pior. É tudo novo, fica mais difícil você lembrar que é preciso ter calma para apreciar melhor o destino.
OF – Qual acha que deve ser o papel da comunicação social na divulgação de um lugar protegido?
BL – Essencial! Nosso papel é explicar para população porque um determinado lugar merece atenção e cuidados especiais. Tenho investido muito doeu tempo com reportagens sobre preservação ambiental. Nós comunicadores conseguimos com exemplos, personagens e dados explicar de uma forma mais fácil os motivos que levam um lugar a ser protegido.
OF – Machu Picchu é mesmo um santuário a céu aberto?
BL – Sem dúvida é o lugar em que mais me senti conectada com o mundo. É um lugar sagrado, com uma energia incrível. No fim do dia quando estavam todos indo embora eu fiquei um bom tempo sozinha deitada entre as ruínas. Foi um momento mágico! Só estando lá para entender.
OF – Com aproximadamente 14 mil seguidores numa rede social, há espaço e tempo para se desligar de tudo e ser a Bárbara?
BL – Estou num processo até para descobrir quem é a Bárbara (risos). Por muito tempo segui o que achavam que o era o melhor pra mim. Tem sempre alguém dizendo o que o que você deve fazer, seja família, chefe, mídia, namorado, amigos, mas há uns três anos tenho passado por uma transformação e faz parte disso tudo ter mais tempo para autoconhecimento. Mesmo com muitos seguidores e trabalho eu tenho me dado tempo para isso e tem sido maravilhoso!
OF – Para uma aventura como os “Caminhos de Santiago” o que é indispensável na mochila?
BL – Depois de tantas trilhas, estou chegando a conclusão de que nada é indispensável. Tenho até um projeto de um dia viajar só com a roupa do corpo. Nem mochila quero levar.
OF – Gonçalo Cadilhe é um dos principais escritores de viagens. Para si quem não podemos deixar de ler antes de uma aventura de mochila às costas?
BL – Que pergunta difícil. Tenho uma biblioteca gigante só de livros de viagem.
OF – O turismo de mochila ainda é visto como de gente “hippie” ou “aventureira”?
BL – Aqui no Brasil infelizmente ainda há muito este tipo de visão, mas na Europa e outras parte do mundo muita gente já percebeu que viajar leve, apenas com uma mochila, é um jeito mais prático, divertido e original de conhecer um novo destino.
OF – Uma experiência que não voltará a repetir. E se soubesse que seria uma última viagem: que destino escolheria?
BL – Visitar Veneza em época de férias ou carnaval. Que terror, a cidade fica lotada, mal dá para andar. É impossível aproveitar a cidade assim. Tem algumas destinos e passeios que são tão terríveis que estou escrevendo um post “7 lugares para morrer antes de ir”. Minha última viagem certamente seria para o interior da Itália, lugares lindos, comidas maravilhosas, história por todos os cantos.
OF – Sebastião Salgado – fotógrafo mundialmente conhecido pela sua paixão pela Natureza – criou no final dos anos 90 o Instituto Terra na região de Aimorés. Como é que o Brasil viveu a tragédia ambiental no Rio Doce?
BL – Foi impactante. Todo ficamos muito tristes. Fizemos muitas mobilizações para arrecadar alimentos e ajudar as pessoas que moram naquelas comunidades. O problema é que o impacto ruim continua e a mobilização acabou. É preciso lembrar sempre, esse e nosso papel como jornalista.
OF – No final de cada conversa lançamos sempre um desafio aos convidados do “Obturar falando”. Uma palavra para cada uma das apresentadas:
A) Televisão: diversão
B) Sorriso: modo de vida
C) Natureza: essencial
D) Portugal: roadtrip
E) Brasil: diversidade
F) Viagens: transformação
As escadas da Baía foram palco de todos os certames nas Festas da N.ª Sra. da Ajuda na cidade de Espinho. Depois de um sábado de enchente para o fogo com o T4xi e uma “disputa” entre a Banda Musical S. Tiago de Silvalde e a Banda de Música Paramense no domingo foi a vez da compositora e cantora IVE subir ao palco para encerrar o cartaz de 2018. Acompanhada por músicos em que lhes corre nas veias a bossa nova e a MPB não foi tempo gasto para as largas dezenas de pessoas que numa noite fria de segunda-feira fizeram questão de dizer presente no anfiteatro do Atlântico. IVE entoou temas do seu primeiro álbum e alguns clássicos que puseram as pessoas a dançar.
Um momento que foi uma agradável (também!) surpresa foi a chamada ao palco do conceituado Rapper NTS, o jovem que nasceu em Ovar mas apaixonou-se pelo Sporting Clube de Espinho e pela sua claque – os Desnorteados.
IVE nasceu em Brasília e transporta através da voz por paisagens mágicas que o país irmão tem, 2017 foi um ano de ouro pois foi o ano em que recebeu a notícia que Nelson Motta a iria apoiar e produzir. A propósito, Ruy Castro disse: “Um pequeno nome para um grande talento”.
O álbum “Ao som de Greice Ive” editado em 2007 está disponível nas principais plataformas e disponibilizámos aqui o link:
https://itunes.apple.com/pt/album/ao-som-de-greice-ive/1298400303
O tema “Até você passar” composto por Ive em parceria com Dudu Falcão e Marco Brito foi a canção para a personagem Fátima, uma adolescente romântica vivida pela atriz Bianca Bin na novela “Passione” de Silvio de Abreu que estreou a 17 de Maio de 2010 na Rede Globo. A música não ficou indiferente a um impressionante número de telespectadores e a própria atriz confessa que construiu a personagem com base na estória que Ive conta em jeito de poesia.
“… Nada sobre o silêncio, hoje vou ficar aqui até você passar. O que a gente vai fazer com essa paixão, distraída solidão…”.
https://www.youtube.com/watch?v=D9A4gH0Xsy8
Contacte-nos já e peça o seu orçamento sem compromisso.
Telf.: +351 916 894 653
Francisco Azevedo: francisco.azevedo@focalpoint.pt
Pedro Fonseca: pedro.fonseca@focalpoint.pt